Tenho a sensação que minha vida está ‘embaçada’, ‘meio fosca’;
parece que estou parado, sem saber onde chegar;
me sinto esmorecendo, indo não sei onde;
tem algo eminente e não sei o que é;
sinto um vazio e, às vezes, uma apatia.
Essas são queixas comuns hoje. É o ‘Languishing’.
Falar de estados emocionais é abordar questões que estão entre o ‘Bem-estar’ e o ‘Não estar bem”. Entre tantas
coisas, é falar, de um lado, sobre aspectos de satisfação e felicidade consigo e com a vida — e de outro lado, falar de
insatisfação e ansiedade constantes.
"O 'languishing' não fica nem lá e nem cá, e sim, no meio do caminho, mas, nem por isso, é neutro ou bom pois
chega silencioso e gradativamente pode desencadear processos emocionais maiores.
E por isso requer atenção e cuidados pois, como chega de mansinho, não percebemos muito bem o que se passa
com a gente, porém, quando muito prolongado, não observamos um declínio em nossas forças e energia que vão se
esvaindo e comprometendo o nosso viver.
Languishing = definhando ausência de um bem estar um estado de definhamento
(I) O termo foi cunhado pelo psicólogo e sociólogo americano Corey Keyes, que ficou impressionado com o fato de que muitas pessoas
que não estavam deprimidas também não estavam prosperando.
Na pesquisa que conduziu, ele constatou que as pessoas com maior probabilidade de sofrer grandes transtornos de depressão e
ansiedade na próxima década não são as que apresentam esses sintomas hoje, mas aquelas que estão definhando agora.
(II) Adam Grant, psicólogo organizacional da Wharton, escreveu a respeito na versão digital do The New York Times e afirmou: “Na
psicologia, pensamos em saúde mental em um espectro que vai da depressão ao florescimento. O florescimento é o pico do bem-estar:
você tem um forte senso de significado, domínio e importância para os outros. A depressão é o vale do mal-estar: você se sente
desanimado, esgotado e sem valor. O definhamento é o filho do meio negligenciado da saúde mental. É o vazio entre a depressão e o
florescimento – a ausência de bem-estar. Você não tem sintomas de doença mental, mas também não é a imagem da saúde mental.
Você não está funcionando em plena capacidade. O definhamento entorpece sua motivação, interrompe sua capacidade de se
concentrar e triplica as chances de você reduzir o trabalho. Parece ser mais comum do que a depressão maior – e, de certa forma, pode
ser um fator de risco maior para doenças mentais.”
Sensação de estar apenas existindo e não vivendo a vida.
Alerta!
Antes de mais nada, quem percebe a instalação do ‘languishing’ deve buscar ajuda especializada e
acompanhamento psicológico inicialmente e, conforme o caso, médico;
Se reconhecemos alguém que está nesse processo, podemos conversar para ajudar a dar voz a essa sensação que
chega silenciosa e sutil e, assim, percebendo o que se passa, poder trilhar um caminho mais leve para sair desse
lugar de desconforto.
Para Adam Grant,
o definhamento não está apenas em nossas cabeças
– está em nossas circunstâncias.
“Ainda vivemos em um mundo que normaliza os desafios da
saúde física, mas estigmatiza os desafios da saúde mental.
À medida que nos aproximamos de uma nova realidade pós-
pandemia, é hora de repensar nossa compreensão de saúde
mental e bem-estar:
'Não deprimido' não significa que você não está lutando.
'Não triste' não significa que você está empolgado.
Ele finaliza dizendo:
Ao reconhecer que muitos de nós estão definhando,
podemos começar a dar voz ao desespero silencioso
e iluminar um caminho para sair do vazio.”
E quando o Languishing está querendo chegar ?
Procure fazer pequenas coisas que você possa “começar - se dedicar e – concluir”. Algo inovador que não cabia na sua rotina ou também, recomeçar atividades que foram deixadas de lado - retomar prazeres.
Que seja a leitura de um livro, ou pegar aquela receita que tanto gosta ou sempre quis fazer, jardinar, desenhar, pintar, escrever, uma atividade diferente de treino ou esporte, ligar (ou até mesmo encontrar - com medidas de segurança) pra aquela pessoa querida, que você tanto gosta e tem saudades, caminhar no bosque - o contato com a natureza nos faz muito bem, tomar aquele banho bem gostoso, só seu ou a 2 – use um óleo corporal e passe sal grosso em todo o corpo, enfim invente, crie algo que te faça bem.
Permita-se descobrir ou resgatar algo que te encante, coisas simples, mas que te ocupe e te traga momentos que te conectem com sensações agradáveis. São pequenas atitudes que podem trazer benefícios extraordinários.
E, por fim, seja generoso(a) com você, faça simplesmente, sem cobranças. Se proponha e deixa fluir...
A perfeição aqui é ter momentos gostosos com passatempos e produções agradáveis.
Se coloque metas menores e deixe vir resultados inesperados e surpreendentes...